terça-feira, 21 de fevereiro de 2017

A FOLIA DE CARNAVAL PRECISA MESMO SER POLITICAMENTE CORRETA?!

Ontem no Jornal Gazeta do Sul saiu uma matéria breve, mas interessante, falando sobre as marchinhas de carnaval que seriam "politicamente incorretas" para os tempos atuais. Quando li fiquei pensando o que seria "politicamente correto" para os nossos tempos? Excluir as histórias do Monteiro Lobato do Ensino Fundamental, bem como tirar o estudo de história dos currículos escolares é negar quem somos, negar nosso próprio passado. Sempre penso que "não há texto sem contexto" e por sermos seres narrativos, precisamos nos narrar para que possamos nos compreender, para que possamos nos saber. Negar a história real e ficcional, é abrir mão deste conhecimento que ampara quem somos, que é fundante. Nesta mesma perspectiva vejo essa "polêmica" das marchinhas de carnaval. Não cantar "teu cabelo não nega mulata" não vai resolver o problema do racismo, não cantar "olha a cabeleira do Zezé", não vai resolver as questões da homofobia. Parece-me que esta questão joga é a poeira para baixo do tapete. Essa história de "politicamente correto" parece, por vezes, mais negar os fatos que amparam a história do que trazer para a discussão contextualizada questões importantes de serem discutidas para que possam um dia ser superadas, sem negação. Não tocar marchinhas e tocar funk e sertanejo universitário não resolve o problema, só muda o problema de endereço. Talvez esse ano toquem: "não sei se dou na cara dela ou bato em você/ mas eu não vim atrapalhar sua noite de prazer/ e pra ajudar a pagar a dama que lhe satisfaz/ toma aqui uns 50 reais", ou quem sabe: "A mulherada tá dançando, sensual e gostosinha/ balançando, balançando, balançando a ''bacurinha'', ou ainda: "Tô ficando atoladinha, tô ficando atoladinha, tô ficando atoladinha, calma calma foguetinha". Talvez essas letras, que tem ocupado cada vez mais nas festas de nossos jovens, sejam as que irão "alegrar" os bailes de carnaval para fazer crescer o eco dos politicamente incorretos de  fato! Creio que é preciso repensar a sociedade como um todo, inclusive as marchinhas e o carnaval. Mas negar o passado, nunca!!

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